“Sigo lutando”, Marcos do Val

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As pessoas que vêm acompanhando a minha trajetória como senador da República desde 2019 têm frequentemente me perguntado sobre as visíveis mudanças nos rumos do meu mandato desde o início de 2023. Tenho sido muitas vezes incompreendido quanto aos movimentos e ações que realizei no último ano e meio, principalmente quando comparados à forma moderada com que me conduzi nos primeiros quatro anos no Senado Federal.

O que pode ser visto e entendido como extremismo por parte das pessoas menos informadas são, na verdade, reações de um ser humano que vem se deparando com injustiças inomináveis desde o dia 9 de janeiro de 2023. O que vivenciei naquele dia para sempre mudou o modo com que eu enxergo e me coloco na política. Nunca mais esquecerei o que vi, ouvi e senti durante a minha visita ao galpão da Academia da Polícia Federal, onde por vários dias mantiveram detidos centenas de manifestantes que presenciaram a deplorável depredação das sedes dos três Poderes no fatídico 8 de janeiro.

Muitos ali estavam presos só porque estavam no mesmo lugar em que vândalos depredaram prédios públicos, sem, contudo, tomar parte na destruição. Eram centenas de idosos, mulheres, crianças e até animais que tiveram sua liberdade cerceada indefinidamente, até segunda ordem. Os absurdos não param por aí. E para mim, de acordo com o meu senso de justiça, é impossível manter-me alheio, calado e distante quando vejo o desenrolar de processos judiciais nos quais não é respeitado o princípio do juiz natural, e o Poder Judiciário é utilizado por parte de um só juiz como meio para levar a cabo uma vingança arbitrária.

Não consigo permanecer impassível ao saber que as forças de segurança pública do Brasil estão sendo aparelhadas e instrumentalizadas como polícias políticas, cumprindo ordens ilegais determinadas monocraticamente. Minha indignação me foge ao controle ao saber de casos de famílias intimidadas, casas invadidas, bens confiscados, crianças traumatizadas, pessoas presas sem a correta fundamentação jurídica e sem que seus advogados tivessem acesso aos autos dos respectivos inquéritos.

Ilações

Minhas atitudes nos últimos 18 meses são reações naturais de um ser humano indignado ao ver a dignidade de outros seres humanos ser sistematicamente violada pelo Estado, sem que se ouça uma voz sequer que se levante para defendê-los com veemência, como se deve. Eu o faço, mesmo que ninguém esteja do meu lado. E tenho pagado um preço alto por isso. Fui censurado, exposto, tive a Polícia Federal revistando minha casa e meu gabinete. Tentaram demolir a minha reputação chamando-me de louco e desequilibrado. Isso não me intimidou.

A solidão do combate não me assusta: mesmo sozinho, mesmo incompreendido, eu me levanto e coloco as minhas prerrogativas constitucionais como senador da República a serviço da defesa do Direito e do bem. Não vou parar, não vou me calar, não vou descansar até ver a Justiça voltar a imperar no nosso país. Eu acredito que essa é a conduta que se espera de qualquer pessoa com um mínimo senso de justiça e moral. Estou em paz com a minha consciência ao defender o Brasil e os brasileiros.

 

Artigo escrito pelo senador Marcos do Val e editado pelo jornalista Harrison S. Silva

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