Ela foi designada como homem ao nascer, foi criada por sua mãe e família e cresceu em Recife, Pernambuco. O sobrenome "Malunguinho" refere-se ao culto a Jurema Sagrada, uma entidade das florestas de Pernambuco em Catucá. Esta é uma região pela qual seus ancestrais passaram. O termo "Malungo" é usado por descendentes de africanos da família Bantu para significar "camarada" ou "companheiro". É assim que os escravizados referem-se a outra pessoa que, como eles, atravessou o oceano e começou uma nova vida.
Sua mãe, a única educada na família, trabalhava como enfermeira para apoiar Erica, seus irmãos e os demais membros da casa. Erica cresceu imersa na cultura negra e indígena. "Todos nós sabíamos que éramos negros, mas quando você é negro no Brasil, também sofre racismo dentro da família", disse ela. "Estávamos sempre comparando quem tinha o nariz mais largo ou o cabelo mais áspero".
Após o ensino médio, Erica sentiu como se "tivesse que viver outra vida". Mudou-se para São Paulo aos dezenove anos com a ideia de se reinventar. Na capital paulista começou a reconhecer melhor sua identidade de gênero silenciada e começou a se entender como uma mulher trans."Eu sempre fui trans. Estava vivendo uma vida gay e uma vida trans ao mesmo tempo". Com o apoio da mãe, Silva escolheu seu novo nome.
Nos anos seguintes, Erica frequentou a Universidade de São Paulo, cursando mestrado em estética e história da arte. Ela passou um tempo trabalhando como artista plástica e produziu fotografia, performances, escritos e desenhos. Além de montar seu estúdio no bairro de Campos Elísios, em São Paulo, Erica também passou os últimos quinze anos trabalhando como ativista e educadora. Trabalhou na formação de professores das esferas pública e privada em temas relacionados à arte, cultura e política.
Aos 36 anos, Erica tornou-se a primeira mulher trans a ser eleita para uma assembleia legislativa no Brasil.
Uma de suas principais motivações para concorrer foi o assassinato de Marielle Franco, uma política afro-brasileira LGBT. "Chorei muito quando soube do Assassinato de Marielle Franco. Seu projeto político acabou de acabar. Foi uma mensagem para nós que não deveríamos estar lá brigando por nossos corpos e resistindo ao genocídio e ao racismo. Eu tinha tanto ódio em mim. Ao mesmo tempo, eu sabia que precisava tomar esse ódio e fazer algo positivo com ele". Erica concorreu como membro do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Este partido é um dos partidos mais de esquerda do Brasil. Sua coalizão é "Sem Medo de Mudar São Paulo".
Erica está motivada a combater o racismo por meio do turismo social nos quilombos e territórios indígenas como estratégia para combater a discriminação e advogar pela proteção e visibilidade das minorias, além de promover uma economia sustentável. Ela também prometeu lutar pelos direitos da comunidade LGBTQ e afirmou que se concentraria nos direitos fundamentais das pessoas trans e em sua inclusão na força de trabalho. Além disso, Erica planeja apoiar propostas que beneficiem pessoas sem-teto e revisar programas de habitação. Ela deseja promover uma recepção compassiva em hospitais e delegacias de polícia para sobreviventes de agressão sexual e defender a garantia de atendimento civil e tolerante para mulheres que procuram abortos.
Erica concorreu ao congresso em uma plataforma com cinco características principais: renovação política, ampliação do debate, ideia do Quilombo, direitos fundamentais e desafios políticos