O senador Renan Calheiros (MDB-AL) informou, neste sábado, dia 13, que vai acionar a Justiça, incluindo cortes internacionais, para apresentar dados de investigações da Polícia Federal (PF). Esses dados revelam que a estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada para monitoramento ilegal, entre 2019 e 2022, de opositores ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Vou entrar na Justiça, até em Cortes internacionais, como assistente da acusação no escândalo Abin. A grampolândia na cúpula da CPI mostra que a investigação pode ter sido embaraçada na ação marginal de órgãos de Estado. Fatos novos para PGR reabrir partes engavetadas por (Augusto) Aras.” Escreveu o ex-presidente do Senado.
Um relatório da PF, divulgado na última semana, revela que Renan Calheiros e outros senadores, como Randolfe Rodrigues (Sem partido – AP), Omar Aziz (PSD-AM) e Alessandro Vieira (MDB-SE), foram alvos de monitoramento pela chamada “Abin Paralela”. Todos esses senadores participaram ativamente da CPI da Covid-19, que investigou as condutas da gestão de Bolsonaro durante a pandemia.
“O Brasil nunca teve uma agência de inteligência. Sempre bisbilhotice política. Precisamos de um serviço em prol do Estado, que dê informações críveis, com visão geopolítica e profissional. Temos que fechar essa Abin tabajara e refundar uma agência digna desse nome.” Completou no seu perfil no X.
Renan Calheiros era o relator da comissão. O relatório por ele apresentado, e aprovado por maioria, sugeriu o indiciamento de Jair Bolsonaro e de outras 77 pessoas, incluindo três filhos do ex-presidente, ex-ministros de Estado e parlamentares. Os documentos foram encaminhados, à época, para a Procuradoria Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de parlamentares, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), servidores da Receita Federal e do Ibama, além de jornalistas foram alvos de espionagem ilegal pela Abin, segundo a Polícia Federal. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo, retirou o sigilo da operação Última Milha, que teve a sua quarta fase deflagrada na última quinta-feira, dia 11.
Conforme as investigações, ocorreram proveitos pessoais para interferir em apurações da Polícia Federal. Na época, foi apontado ainda que servidores teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema para coagir colegas e evitar a expulsão da Abin. Já em janeiro deste ano, a corporação cumpriu outra fase da operação, chamada de Vigilância Aproximada, e que teve como principal alvo Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro e que foi diretor-geral da Abin na gestão de Bolsonaro.
Fonte: O Tempo (com adaptações)