No dia 3 de março de 2023, durante uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) optou por permanecer em silêncio em relação à situação dos direitos humanos na Nicarágua e às ações autoritárias e violentas do presidente Daniel Ortega. Esse silêncio chocou muitos observadores internacionais, especialmente em vista das graves violações dos direitos humanos cometidas pelo governo nicaraguense, que foram descritas por um grupo de especialistas da ONU como “crimes contra a humanidade”.
Daniel Ortega está no poder desde 2007, mas sua reeleição em 2021 foi marcada por uma série de atos autoritários e violentos. Antes das eleições, Ortega mandou prender sete de seus opositores, eliminando candidatos que poderiam ameaçar sua vitória. Desde então, a situação na Nicarágua tem se deteriorado rapidamente, com mais de 200 presos políticos, incluindo políticos da oposição e líderes empresariais, sendo presos durante a crise política no país. Esses presos foram posteriormente “deportados” para os Estados Unidos, após uma negociação com Washington.
Além disso, um tribunal da Nicarágua declarou, em fevereiro, que 94 opositores do presidente eram “traidores da pátria”, retirando a nacionalidade nicaraguense deles e tornando-os inabilitados, de forma perpétua, de exercerem cargos públicos. Entre os sancionados, estavam os escritores Sergio Ramírez, Gioconda Belli, o bispo católico Silvio Báez, os ex-comandantes guerrilheiros Luis Carrión e Mónica Baltodano e a ativista de direitos humanos Vilma Núñez.
Nicarágua precisa de socorro
A situação na Nicarágua é grave e preocupante, e é chocante que o governo Lula tenha optado por não se pronunciar sobre o assunto na reunião da ONU. É especialmente perturbador considerando a longa amizade entre Lula e Ortega, que se encontraram diversas vezes durante os primeiros mandatos do presidente brasileiro para discutir a integração regional.
A falta de uma declaração clara e contundente do governo Lula sobre a situação na Nicarágua é uma preocupação para muitos defensores dos direitos humanos e para a comunidade internacional em geral. É fundamental que os líderes mundiais se unam para condenar violações dos direitos humanos e defender a democracia e a liberdade em todo o mundo. A omissão do governo Lula nesse importante assunto é uma falha que deve ser criticada e questionada.