Deputados criticaram nesta quarta-feira, dia 22, o presidente da Enel Brasil, Nicola Cotugno, por não comparecer a uma audiência na Câmara para tratar do apagão do início de novembro em 23 municípios paulistas atendidos por uma das empresas do grupo, a Enel São Paulo. O blecaute deixou no escuro 4,2 milhões de unidades consumidoras. A interrupção ocorreu após fortes chuvas e rajadas de vento que atingiram a região. Cotugno havia sido convidado pelas comissões de Minas e Energia; e de Defesa do Consumidor para prestar esclarecimentos sobre a demora no reestabelecimento do serviço.
O presidente da Comissão de Minas e Energia, deputado Rodrigo de Castro (União-MG), fez duras críticas à ausência do presidente da Enel. “É algo intolerável e que demonstra a prepotência da Enel, demonstra a sua falta de capacidade de diálogo”, disse. Em acordo com outros deputados, Castro decidiu cancelar a audiência e fazer um novo convite. Pela Constituição, as comissões da Câmara ou do Senado só têm poder para convocar ministros de Estado.
Ele também informou que as duas comissões devem sugerir uma Proposta de Fiscalização e Controle (PFC) sobre a Enel. O instrumento é uma espécie de auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a pedido do Congresso Nacional. Além de Cotugno, a audiência pública tinha outros convidados, que comparecerem. Entre eles, o presidente da Enel São Paulo, Max Xavier Lins, e o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa.
A manifestação do presidente da comissão foi acompanhada por vários parlamentares. O deputado Ivan Valente (Psol-SP), um dos proponentes da audiência, disse que a atitude de Cotugno era desrespeitosa com a Câmara.
CPI
Outros deputados pediram a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a atuação da Enel. O deputado Max Lemos (PDT-RJ) disse que já está colhendo assinaturas de apoio, pela Constituição, são necessárias pelo menos 171 assinaturas. Lemos afirmou que a empresa também coleciona reclamações no Rio de Janeiro, onde possui uma distribuidora. Também criticaram o grupo e a ausência do seu presidente os deputados Bacelar (PV-BA), Celso Russomanno (Republicanos-SP), Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e Roberto Monteiro Pai (PL-RJ). O deputado Julio Lopes (PP-RJ) disse estar insatisfeito com a atuação da empresa, mas ponderou que o caso de São Paulo foi provocado por eventos climáticos extremos, que devem se tornar mais frequentes no País.
Fonte: Agência Câmara de Notícias