Biden concede perdão total ao filho Hunter, evitando a prisão

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Em uma decisão que promete polarizar ainda mais o cenário político nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden concedeu, neste domingo (1º), um perdão “total e incondicional” ao filho Hunter Biden. O ato presidencial anula condenações relacionadas à compra ilegal de uma arma e à sonegação de US$ 1,4 milhão em impostos, livrando Hunter de uma possível sentença de prisão.

Biden justificou a decisão como uma reação a acusações que considera “politicamente motivadas” e classificou os casos como um “erro judicial”. “Hoje, assinei um perdão para meu filho Hunter. Nenhuma pessoa razoável pode concluir que ele foi alvo por outro motivo que não o fato de ser meu filho”, afirmou o presidente.

Mudança de postura

A medida marca uma reviravolta na postura de Biden, que anteriormente havia descartado a possibilidade de usar o poder presidencial para beneficiar sua família. Em junho, ele chegou a afirmar que respeitaria as decisões judiciais e não concederia perdão ao filho. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, também reiterou a posição à época.

A concessão do perdão ocorre semanas antes de Hunter ser sentenciado no caso de armas e após sua confissão de culpa em acusações fiscais, que poderiam levar a uma pena de até 42 anos, embora sentenças mais brandas fossem esperadas. A decisão vem ainda menos de dois meses antes da posse de Donald Trump, presidente eleito, que frequentemente utilizou os problemas legais de Hunter como munição em seus ataques à família Biden.

Repercussões históricas

O perdão presidencial reacende debates sobre o uso do poder executivo para beneficiar familiares. Embora não seja inédito – Bill Clinton perdoou seu irmão por crimes relacionados a drogas, e Donald Trump fez o mesmo com Charles Kushner, pai de seu genro –, críticos destacam que esses casos ocorreram após o cumprimento das penas.

Analistas apontam que o perdão de Biden é um movimento arriscado politicamente, sobretudo com a ascensão de Trump. Em declaração ao jornal The New York Times, um especialista em direito constitucional destacou que a decisão de Biden será lembrada como um momento divisor de águas na relação entre poder executivo e questões éticas.

Hunter: alívio e promessa de redenção

Em comunicado, Hunter Biden expressou gratidão pela decisão do pai e prometeu dedicar sua vida à recuperação de pessoas que enfrentam desafios semelhantes aos seus. “Assumi a responsabilidade pelos erros que cometi nos momentos mais sombrios do meu vício, erros que foram explorados para me humilhar e envergonhar minha família por razões políticas.”

Biden também reconheceu o peso emocional e político da medida, mas afirmou confiar que o povo americano entenderá sua decisão como pai e líder. Durante o feriado de Ação de Graças, ele foi visto ao lado de Hunter e outros familiares em Nantucket, Massachusetts, em um gesto de união.

Com a decisão, o presidente democrata entra em um terreno político e ético delicado, com possíveis implicações para sua própria imagem e a do Partido Democrata. Resta saber como isso impactará o já conturbado cenário político norte-americano.

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