Fazer uma avaliação peremptória dos aspectos ligados à educação superior no Brasil é, ao mesmo tempo, fundamental e desafiador para melhorar a qualidade do ensino oferecido na educação básica. Para o presidente Lula, ela é o melhor investimento.
O ensino superior, que envolve os estudos da graduação e da pós-graduação, é o nível mais elevado dos sistemas educativos em todo o mundo. Ele é ofertado, normalmente, pelas universidades, faculdades, institutos politécnicos, escolas superiores ou outras instituições que conferem graus nos diplomas profissionais.
Um protocolo da Convenção Europeia dos Direitos Humanos (1953) obriga todos os signatários a garantir o direito à educação. Sim, a educação superior deverá tornar-se de acesso igualitário para todas as pessoas, com base na capacidade, por todos os meios apropriados e, em particular, pela introdução paulatinamente da educação gratuita. Assim diz o protocolo da década de 50 do século passado.
Ora, será que todas elas têm perfil para cursar uma graduação numa universidade? As mudanças de cursos entre os estudantes, principalmente nas universidades públicas e a falta de orientação vocacional, não seriam uma lacuna que repercute diretamente nesse troca-troca de cursos e também na evasão dos alunos?
A seguir, confira neste artigo escrito pela professora de Inglês e mestranda pela Universidade de Brasília (UnB), Yndhira de Sousa, e pelo jornalista e colunista do Portal Política, Harrison S. Silva (Comunicação Social – UnB), sobre como a educação superior no Brasil funciona e como ela pode salvar a nossa nação. Leiamos.
UM PROBLEMA SERIÍSSIMO
O Brasil tem uma história marcada pela escravidão, a segregação social e a má distribuição de renda, fatores que afastam ainda mais a sociedade da universidade. A diferença de renda é descomunal: poucas famílias têm acesso e muito dinheiro enquanto muitas famílias não têm acesso nem ao básico para se manter vivo nos dias de hoje. Dados publicados pela equipe do World Inequality Lab, mostram que os 10% mais ricos da população conseguem concentrar 58,6% da renda total produzida no país. Os 50% mais pobres conseguem ter acesso a apenas 10,1% da renda total.
Observando esse Panorama da má distribuição de renda no Brasil é importante considerar que muitas famílias, que englobam milhões de brasileiros ainda não têm acesso a direitos básicos fundamentais e vitais, que trazem dignidade a pessoa humana; como por exemplo: saúde, educação, saneamento básico, qualidade de mobilidade urbana, tratamento adequado para resíduos como a lixo ou esgoto. A desigualdade é grande.
Quando se trata das famílias brasileiras, a maioria ainda não consegue ter esses direitos assegurados pelo Estado. Quando se fala de educação, até mesmo os níveis mais básicos, como é o caso da educação infantil, ainda é mais crítico o cenário. O Brasil ainda não conta com um sistema que seja eficiente no cuidado da primeira infância das crianças, principalmente as que estão entre o 0 e 5 anos de idade. Esse período que engloba a pré-escola a creche e os primeiros anos da educação infantil ainda carece de muita atenção do Estado que não demanda os recursos necessários para que seja aplicado de fato um programa de governo ou uma política pública que beneficie as mães as crianças as famílias os professores e todos os cidadãos que estão envolvidos nessa teia relacionada aos primeiros anos das crianças.
UMA POLÍTICA DE GOVERNO
No mês passado, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reposicionou a educação e a ciência no seu lugar de relevância. Ele anunciou um plano de reajustes e recomposição das bolsas de estudo, pesquisa e formação de professores. Os percentuais de correção variam de 25% a 200% e os novos valores passam a vigorar no mês de março. Ademais, o governo tornou oficial a recomposição do número de bolsas oferecidas.
Para a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, esse investimento que contempla, ao todo, mais de 250 mil estudantes do ensino médio à pós-graduação, busca repor as perdas dos últimos anos. É uma política de compromisso, segundo o governo, com a formação de novos pesquisadores e pesquisadoras, com a ciência brasileira.
“As pessoas têm que saber que investimento em Educação é o melhor e o mais barato investimento que um Estado pode fazer”, enfatizou Lula. O presidente destacou que educação, saúde e geração de empregos formam um tripé fundamental. “Esse país quer ser exportador de conhecimento, quer ser exportador de alta tecnologia, quer ser exportador de inteligência. E para isso nós temos que investir na Educação. E para isso nós temos que investir em pesquisa”, defendeu o presidente Lula.
O ministro da Educação adiantou que apresentará, em breve, um plano de reajuste nos valores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que há seis anos não é corrigido. Disse, ainda, que a Pasta apresentará um programa de reconstrução das obras paralisadas e inacabadas. “São mais de 4 mil obras, de creches a campi de universidades e institutos federais”, lembrou o ministro. O plano de reajuste contempla as bolsas de graduação, pós-graduação, iniciação científica e a Bolsa Permanência em todo o país.
Ora, a educação superior é o nível mais elevado de instrução acadêmica que um cidadão brasileiro pode ter, como já aponta o próprio nome “superior”. No entanto, ainda é deficitário o número de pessoas acima dos 18 anos que têm a oportunidade de cursar o nível superior, embora o Brasil venha tendo avanços importantes.
Programas criados em governos passados como é o caso do PROUNI* (Programa Universidade para Todos) do Pronatec e do FIES (Financiamento Estudantil) que conseguiram dar oportunidade para que os jovens ou pessoas sem graduação pudessem ingressar nas universidades com bolsas que chegassem até 100% ou ainda através de financiamentos estudantis.
*O PROUNI é um programa do Governo Federal do Brasil desenvolvido por Fernando Haddad, Ministro da Educação na época, com o objetivo de conceder bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior.
Contudo, muitas escolas acabam focando apenas na preparação para os processos seletivos, são um espelho do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Elas não investem em ferramentas que auxiliem na difícil escolha sobre qual carreira seguir. Dessarte, ao se depararem com um curso que não atende às suas aptidões e desejos, os candidatos a graduados acabam se frustrando e desistindo de continuar do canudo.
A educação é realmente superior?
A educação no Brasil ainda é, em geral, junto com a saúde e com a segurança pública um dos maiores desafios para qualquer governo de qualquer partido político porque extrapola qualquer dualidade ou eventual “queda de braço” entre essas forças, uma vez que esses aspectos são absoluto e totalmente fundamentais para a estrutura sólida de qualquer nação, principalmente no regime democrático ao qual os mais de 220 milhões de brasileiros estão submetidos, de acordo com a última Constituição promulgada. A declaração do presidente a despeito de que educação superior é melhor e mais barata, nada mais é do que uma política de governo, acho que nem ele mesmo sabe o que está falando; ora, precisamos estruturar todo o nosso ensino superior para que a educação básica se molda, e vice-versa. Entendeu? É um ciclo…
Considerando os fatos analisados é mister observar que ainda existe um caminho longo para que o Estado brasileiro consiga compreender a importância da implementação sólida eficaz e regular de todos os níveis de ensino desde o mais básico contemplando as necessidades da educação infantil até as demandas mais complexas, que vão aparecer em relação ao ensino superior. Portanto, nunca foi uma prioridade o investimento em educação no Brasil, não nascemos para ser independentes, mas colônia. Foi tudo (NÃO) planejado!
Contudo, essas implementações foram muito positivas, mas ainda se tem muito a avançar tanto nos aspectos da própria educação de nível superior quanto nos aspectos mais básicos que já foram mencionados previamente no texto que são relacionados aos níveis de ensino que contam com a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. A educação superior pode sim salvar o Brasil, não obstante, tê-la como barata, como o nosso presidente defende, não vai adiantar, pois conhecimento é coisa séria, custa caro. Se assim for, continuaremos deste modo: “Verás que um filho teu não foge à luta”. Ops, fugindo à luta, ao contrário do que soa na letra do nosso Hino Nacional.
Autores: Yndhira de Sousa, do Clube do Inglês e Harrison S. Silva, do Portal Política