A educação no pós-pandemia: desafios e futuros incertos

Seja bem-vindo ao século 21, tudo está apenas começando.

Repentinamente o mundo parou. As escolas fecharam e o ensino, forçadamente, passou a ser realizado à distância, através do computador, pela internet. Tal cenário, doravante, impactou a comunidade escolar, obrigando educadores e estudantes a se adaptarem a essa nova realidade, a realidade remota, on-line. Passado tudo isso, a pergunta que fica é: como ficará a educação no futuro? O fato é que essas mudanças não são apenas para agora, elas afetarão o ensino e aprendizagem por anos.

O anúncio da suspensão das aulas por meio do Decreto nº 40.520, de 14 de março de 2020, DODF ano XLIX, edição extra nº 28 Brasília – DF- 14 de março de 2020 (DISTRITO FEDERAL, 2020) da pandemia de COVID-19 (Sars-CoV-2) suscitou, na comunidade escolar, preocupações quanto ao andamento pedagógico do ano letivo, suas consequências para o futuro acadêmico dos estudantes e os possíveis prejuízos às aprendizagens.
Ora, a educação no pós-pandemia nunca mais será a mesma. Não obstante, essa nova realidade que afastou diversos alunos das salas de aula, pode também acelerar os processos de inovação tecnológica. Dessarte, seja bem-vindo ao século 21. Sim, pois socialmente falando, apenas agora, no pós-pandemia, que este século está começando e, trará muitas surpresas.

O futuro será totalmente on-line?
Não é uma resposta simples. Os avanços relacionados à era da informação permeiam nossas tarefas rotineiras e a escola como espaço social reflete esta mudança mas não acompanha as inovações. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO), em pesquisa realizada em 22 países, constatou que quase 300 milhões de alunos, em 22 países, de três continentes, foram afetados pelo fechamento de escolas devido à expansão do vírus; evidenciando a urgência e a necessidade de que os Estados executassem medidas excepcionais para a situação (UNESCO, 2020). Entretanto, as ações para garantir o acesso, e a permanência dos estudantes nas atividades remotas propostas foram frágeis e pouco efetivas. A pandemia escancarou a fragilidade nos processos de planejamento e implementação de projetos educativos nas redes de ensino, a carência de redes de acesso a internet, de computadores e de formação docente para enfrentar o problema. Se a luz da educação tinha uma chama fraca, ela teve um verdadeiro apagão. Gestores de escolas e municípios ficaram na escuridão.

Estudante em casa
Estudar on-line já é uma realidade hoje

Qual sentido deveria ter a escola se não o de oferecer aos educandos condições reais de caminhar e compreender a aldeia global que vivemos, o contexto digital, a supremacia comercial, a globalização, e repensar a falência das bases institucionais, e de modo particular, as instituições educacionais? Mais que um futuro offline, online, remoto ou presencial, precisamos de uma educação que pensa e planeja um futuro mais promissor a nossos jovens a partir da educação ofertada nas escolas.

E os desafios e as Políticas Públicas para recomposição da aprendizagem da pós-pandemia?
A inércia que presenciamos dos órgãos públicos na pandemia se prolonga na pós-pandemia. Poucas ações concretas foram entregues. Neste ano corrente de 2022 foi instituída a Política Nacional para Recuperação das Aprendizagens na Educação Básica por meio do Decreto nº 11.079, de 23 de maio de 2022.

Organizada em 5 Eixos de ação que versam sobre, alinhamento estratégico dos sistemas de ensino, atenção individualizada aos discentes e às suas famílias, acesso e permanência, formação prática de docentes e de outros profissionais, resiliência dos sistemas de ensino não apresenta de modo efetivo, tão pouco inovador práticas enérgicas, urgentes e efetivas que o pós-pandemia requer. Uma política mais do mesmo.
Os desafios são tão grandes como nosso território. A evasão escolar avançou, a alfabetização das crianças regrediu, a saúde mental de estudantes e docentes está em sinal de alerta e aprendizagem que não estava com notas favoráveis nas avaliações nacionais merece atenção intensiva considerando milhares de estudantes não acompanharam as atividades remotas propostas pelas escolas.

Assim, a rotina nas escolas seguem, sem dinheiro, inovação, sem internet, sem esperanças e sem caminhos futuros promissores. A educação como prioridade defendida pelo saudoso Darcy Ribeiro permanece nas incertezas das conjunturas políticas, sociais e econômicas dos tempos atuais. O fato é que nossa sociedade merece qualidade, equidade e educação para todos.

 

Marli Dias Ribeiro, Mestre em Educação, Professora, Gestora educacional e Mentora em escrita acadêmica na Help – Soluções Pedagógicas
Harrison S. Silva, colunista do Portal Política

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