José Renan Vasconcelos Calheiros, nasceu em Murici, no dia 16 de setembro de 1955. Atualmente, é um advogado, escritor e político brasileiro filiado ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
Conhecido por sua longa trajetória política e é senador por Alagoas desde 1995, sendo um dos representantes mais antigos do estado. Ele já foi presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional por três períodos: de 2005 a 2007, de 2013 a 2015 e de 2015 a 2017.
No entanto, sua carreira política não foi isenta de controvérsias. Em 2016, por exemplo, foi tornou-se réu por peculato pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, em 2013, enfrentou um processo de cassação por denúncias de corrupção, mas foi absolvido por votação de seus pares no Senado.
Calheiros é casado com a artista plástica Maria Verônica Rodrigues Calheiros e tem três filhos, sendo um deles o atual governador eleito do Estado de Alagoas, Renan Calheiros Filho. Ele também tem uma filha, Maria Catharina Freitas Vasconcelos Calheiros, fruto de uma relação extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso, pivô do escândalo que o levou a enfrentar o processo de cassação em 2013.
Além de sua carreira política, Calheiros é também um escritor reconhecido. Ele é autor de quatro livros: Em Defesa de um Mandato Popular, Contadores de Balelas, Do Limão, uma Limonada e Sem Justiça não Há Cidadania. Em 2009, a revista Época o considerou um dos 100 brasileiros mais influentes do ano.
Antes de entrar na política, Calheiros morou de favor na casa de um amigo e possuía apenas um Fusca de patrimônio. No entanto, hoje em dia, ele é dono de fazendas, imóveis e diversas empresas que movimentam milhões.
Renan na Câmara dos Deputados
Iniciou sua carreira política em 1978, quando se candidatou e foi eleito deputado estadual pelo MDB em Alagoas. Com a reorganização partidária, filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi eleito deputado federal em 1982, exercendo dois mandatos.
Durante seu primeiro mandato como deputado federal, Renan foi titular de três comissões, posicionando-se contra decretos-leis que determinaram o arrocho salarial e a favor de projetos de lei que beneficiavam os trabalhadores. Em 1984, assumiu a vice-liderança do PMDB e votou a favor da emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para presidente da República.
Em 1985, foi eleito para a presidência regional do PMDB e reeleito como deputado federal com a maior votação do partido e a segunda maior do estado de Alagoas. Durante seu segundo mandato, Renan foi vice-presidente do PMDB de Alagoas e ocupou a Secretaria de Educação do Estado de Alagoas. Em 1988, assumiu a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e defendeu o parlamentarismo, a regulamentação do direito de greve e a garantia das conquistas sociais asseguradas na nova constituição nacional.
Ele também se destacou como crítico do prefeito de Maceió, Fernando Collor de Mello, que se tornaria seu grande aliado anos mais tarde quando ambos foram eleitos senadores pelo estado de Alagoas.
Era Collor
Renan Calheiros assumiu a assessoria de Fernando Collor de Mello, candidato à presidência da República, em novembro de 1989. Collor venceu as eleições de dezembro e Calheiros tornou-se líder do PRN na Câmara. Em março de 1990, assumiu a liderança do governo no Congresso Nacional e divulgou o pacote de medidas baixado por Collor, incluindo o confisco de parte dos ativos depositados em cadernetas de poupança. Em abril, declarou que o governo havia obtido a aprovação das medidas provisórias relativas ao Plano Collor no Congresso sem negociar cargos públicos.
Em junho, apresentou um projeto de resolução para que os líderes de partidos com no mínimo 80 parlamentares pudessem exigir a votação nominal de matérias em qualquer momento das sessões. No final de junho, deu início à sua campanha ao governo de Alagoas, mas perdeu para Geraldo Bulhões. Em outubro, acusou Bulhões de fraude eleitoral, conflitando com o Palácio do Planalto.
Senador
Ao longo de seu primeiro mandato como senador, entre 1995 e 2003, Calheiros se destacou como coordenador do grupo de trabalho de Reforma e Modernização do Senado Federal, tendo como objetivo acabar com o "desperdício e a inércia administrativa" do Congresso. Também foi presidente da Comissão Mista de Planos, Orçamento Público e Fiscalização, que examinou a proposta de Orçamento de 1996 e formulou a denúncia de manipulação das verbas orçamentárias por um grupo de deputados que ficou conhecido como "Anões do Orçamento". Além disso, Calheiros foi encarregado de escolher os relatores que investigariam as contas do governo Collor.
Em março de 1996, foi indicado para integrar a chamada "CPI dos Bancos", criada para apurar irregularidades no sistema financeiro, em especial com respeito à atuação do Banco Central. No entanto, a CPI nem chegou a iniciar seus trabalhos.
Em agosto de 1997, Renan Calheiros atuou nas negociações entre o governo federal e o governo de Alagoas, com vistas ao encaminhamento de soluções para a crise financeira e a rolagem de dívida estadual, e que levaram à renúncia do governador Divaldo Suruagi, substituído pelo vice, Manuel Gomes de Barros (PTB), e à reforma de todo o secretariado estadual.
Em meados de 1998, com a reforma ministerial implementada por Fernando Henrique Cardoso, Renan Calheiros foi indicado pelo senador Jader Barbalho (PMDB-PA) para ocupar o Ministério da Justiça do governo FHC, em substituição a Iris Rezende, que se desincompatibilizara para concorrer ao governo do estado de Goiás. Durante o período em que ocupou o cargo, Calheiros promoveu ações para fortalecer o combate ao crime organizado e à corrupção, além de ter trabalhado para aprovar a emenda constitucional que instituiu a reforma administrativa do governo federal.
No período de 1995 a 2003, Renan Calheiros também exerceu diversos cargos, como presidente do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) e do Conselho Nacional de Segurança Pública (CONASP). Foi presidente da Fundação Ulysses Guimarães entre 1999 e 2001 e um dos mentores do Estatuto do Desarmamento, aprovado em 2003.
Renan Calheiros foi reeleito senador pelo estado de Alagoas nas eleições parlamentares de 2010. Ele votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em agosto de 2016, se absteve em relação à Emenda Constitucional do Teto dos Gastos Públicos em dezembro de 2016 e votou contra a Reforma Trabalhista proposta pelo governo de Michel Temer em setembro de 2017. Em outubro de 2017, votou a favor da manutenção do mandato do senador Aécio Neves, derrubando decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal no processo onde ele é acusado de corrupção e obstrução da justiça por solicitar dois milhões de reais ao empresário Joesley Batista. Nas eleições de 2018, Calheiros foi novamente eleito para o cargo de senador do estado de Alagoas e votou de maneira contrária à Reforma da Previdência proposta pelo governo Bolsonaro em outubro de 2019.
Em 1º de fevereiro de 2013, foi eleito presidente do Senado para o biênio 2013–2014 com 56 votos. Em março de 2013, foi responsável pelo corte de cerca de 300 milhões de reais de despesas do Senado. Em abril de 2013, apoiou a aprovação da PEC das Domésticas e, em 24 de maio de 2013, assumiu interinamente a presidência do país, devido a viagens realizadas pelos primeiros na linha sucessória. Em 27 de novembro de 2016, concedeu uma entrevista coletiva com o presidente da República Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, anunciando que não patrocinarão anistia ao caixa 2, uma emenda debatida por deputados na Câmara que visava anistiar crimes de corrupção. Em novembro de 2016, defendeu a aprovação, por parte do Congresso Nacional, de uma reforma para modificar as regras políticas e eleitorais do país, e em dezembro de 2016, enquanto presidente do Senado, pautou o Projeto de abuso de autoridade, de sua autoria, mas teve de recuar. Em abril de 2017, o projeto voltou a ser discutido sob a relatoria de Roberto Requião, e com modificações no texto, retirando pontos que poderiam intimidar juízes e investigadores, o projeto de lei foi aprovado no Senado por 54 votos favoráveis contra 19 contrários.
Em 5 de dezembro de 2016, Renan foi afastado do cargo de Presidente do Senado Federal do Brasil pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello, sob a ação movida pelo partido Rede Sustentabilidade, alegando que Renan não poderia permanecer na linha de substituição do presidente da República sendo réu em processo criminal. Dois dias depois, o STF derrubou a liminar do ministro Marco Aurélio, e seis ministros votaram a favor da permanência de Renan na presidência do Senado.