O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado, neste domingo (10.nov.2024), pelo senador Jorge Kajuru (PSB-GO), durante a sabatina no PODK Liberados da RedeTV!, se não estaria na hora de “ignorar” o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Em resposta, Lula disse que Nicolás Maduro “é um problema da Venezuela, não do Brasil”
“No dia que terminou as eleições [venezuelanas], o meu enviado lá, o Celso Amorim, perguntou para o Maduro se ele poderia entregar as atas da votação. Perguntou para ele e para o candidato da oposição […] A verdade é que os dois não mostraram”, afirmou….
Lula ainda fez questão de destacar que, na sua visão, não cabe ao Brasil questionar a decisão da Suprema Corte da Venezuela. “Maduro deveria ter apresentado as atas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), criado por ele próprio, que inclui membros da oposição. Como ele não fez isso, levou o caso direto à Suprema Corte”, disse. “Eu não tenho o direito de questionar a Suprema Corte de outro país, porque não gostaria que fizessem o mesmo com a nossa”, completou, ao defender a soberania dos sistemas judiciais nacionais.
A disputa eleitoral na Venezuela
A oposição venezuelana, liderada por Edmundo González (Plataforma Unitária Democrática), contestou os resultados das eleições, alegando que ele teria obtido 67% dos votos válidos (7,3 milhões de votos), enquanto Maduro teria ficado com apenas 30% (3,3 milhões de votos). Outros candidatos receberam 3% (267 mil votos). No entanto, um estudo do professor Walter Mebane, da Universidade de Michigan, concluiu que não houve evidências de fraude nas atas eleitorais divulgadas pela oposição.
Por outro lado, o CNE da Venezuela apontou que Maduro teria obtido 51,2% dos votos, contra 44,2% de González, reforçando o apoio popular ao governo chavista.
A relação entre Brasil e Venezuela também esteve em pauta, com críticas de Caracas à postura do governo brasileiro sobre a entrada da Venezuela no Brics. O Brasil, sob Lula, manteve o veto imposto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que foi classificado pelo Ministério das Relações Exteriores da Venezuela como uma “agressão”.
Em nota oficial, o governo de Nicolás Maduro acusou o Itamaraty, sob a liderança do embaixador Eduardo Paes Saboia, de continuar “reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância” em relação à Venezuela, impedindo sua entrada na organização. A nota chamou o veto de “gesto hostil” e uma tentativa de “manter o pior da política de Bolsonaro”.
Além disso, o perfil oficial da Polícia Nacional da Venezuela, no Instagram, publicou uma imagem de Lula com o rosto borrado e a bandeira do Brasil ao fundo, acompanhada da frase “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”, intensificando o clima de tensão diplomática entre os dois países.