Jornalista e doutora em Comunicação e Cultura, Renata Souza é nascida e criada na Favela da Maré, Zona Norte do Rio. Negra e feminista, Renata atua na defesa dos Direitos Humanos há mais de 12 anos participando de movimentos sociais, integrando a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e atuando como chefe de gabinete da vereadora Marielle Franco. Em 2018, foi eleita deputada estadual, sendo a mais votada da esquerda em todo o estado. Em seu mandato, a deputada aposta na transformação real da sociedade através da luta coletiva das mulheres, negras, faveladas e feministas para vencer o ódio e o genocídio dos grupos vulneráveis. Em 2020, Renata foi candidata a prefeita do Rio de Janeiro pelo PSOL, alcançando a sexta colocação no pleito, com mais de 85 mil votos.
Seus passos vêm de longe
Em outubro de 2006, com o assassinato de Renan da Costa, de 3 anos, filho de sua ex-cunhada, a militância de Renata Souza ganhou um novo significado em sua vida. A morte do menino foi o gatilho necessário para que a pauta da Segurança Pública ganhasse centralidade nas ações da jovem moradora da Maré que, a partir deste fato, se envolveu ainda mais nos movimentos sociais, na luta pelo direito à vida.
A deputada estadual ultrapassou diversas barreiras econômicas e sociais para ingressar na universidade. Renata Souza foi a primeira de sua família a ingressar na faculdade. Ela estudou Jornalismo, com bolsa integral, na Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ). A universidade também é uma de suas trincheiras de luta. Sendo uma mulher, negra, feminista, favelada e intelectual, ultrapassar o machismo, racismo e classismo exigiu o reconhecimento de sua condição na sociedade. Ao compreender que a construção do conhecimento deve servir para superar as desigualdades sociais, aliou reflexão teórica e ativismo político ao defender sua tese de doutoramento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 2017, sobre Segurança Pública a partir de uma perspectiva de garantia dos Direitos Humanos com o título: “O Comum e a Rua: Resistência da Juventude Frente à Militarização da Vida na Maré”.
Como comunicadora popular, Renata Souza atuou por mais de 15 anos em diferentes favelas para inserir a luta em defesa da vida na pauta da comunicação comunitária. Enquanto jornalista, Renata se dedicou a furar o bloqueio da mídia tradicional e humanizar a cobertura dos casos de violência praticados pelo Estado para evitar que a vítima, em sua maioria preta, pobre e favelada, seja criminalizada nas manchetes midiáticas.
Embora esteja hoje em seu primeiro mandato como deputada estadual, seus passos na política institucional vêm de longe.
Amiga e companheira de militância de Marielle Franco desde 2000, quando frequentaram o mesmo pré-vestibular comunitário, Renata atuou por 10 anos na consolidação do mandato do deputado estadual Marcelo Freixo, trabalho fundamental para o Rio de Janeiro e para o Brasil.
Ao assumir o cargo de vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco convidou Renata para ser sua chefe de gabinete, cargo da mais alta confiança e responsabilidade política. Com a execução sumária da vereadora e seu motorista, Anderson Gomes, Renata Souza se viu diante de dois caminhos: deixar a militância ou se candidatar e dar seguimento à luta de sua amiga e de todas as mulheres negras, a luta pela vida. O assassinato de uma parlamentar ameaça toda a sociedade e a democracia e não pode impor aos que lutam o medo paralisante. Compreendendo a urgência da luta por direitos sociais e contra a violência política, Renata encarou o desafio de se tornar deputada estadual.
Direitos Humanos
Renata Souza articula redes nacionais e internacionais de direitos humanos. Atuou pessoalmente como interlocutora entre a relatora sobre execuções sumárias, extrajudiciais e arbitrárias das Nações Unidas (ONU), Agnès Callamard, e a família do jovem Marcus Vinícius da Silva, que foi assassinado em 2018 por agentes de segurança do Estado. No mesmo ano, a deputada também apresentou denúncias nos encontros realizados com Margarette May Macaulay, comissária Interamericana de Direitos Humanos e relatora sobre os Direitos das Mulheres e sobre os Direitos de Afrodescendentes da OEA.
Além do conhecimento e experiência tão necessários para o cotidiano de uma Casa legislativa, Renata traz uma grande bagagem de experiências cotidianas para contribuir na luta contra qualquer forma de violência contra as mulheres, negras e negros, moradores de favela e LGBTTs.