Silvia Waiãpi (PL-AP), deputada federal cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP) por suposto uso indevido de dinheiro do Fundo Eleitoral, tem uma trajetória marcada por diversas atividades e conquistas. Nascida na aldeia Waiãpi, no Amapá, Silvia deixou a comunidade aos 4 anos após um acidente. Aos 13, tornou-se mãe, fugiu da aldeia e se mudou para o Rio de Janeiro, onde enfrentou dificuldades, chegando a morar na rua antes de se tornar vendedora de livros usados.
Carreira Artística e Militar
Silvia ganhou destaque como atriz ao interpretar uma indígena na novela “Uga Uga” da TV Globo, em 2000. Formada em fisioterapia, ela também foi atleta do Vasco da Gama e, em 2011, tornou-se a primeira mulher indígena a ingressar no Exército Brasileiro. Nas Forças Armadas, chefiou o Serviço de Medicina Física e Reabilitação em Fisioterapia.
Atuação no Governo
Em 2019, assumiu o cargo de secretária da Saúde Indígena no Ministério da Saúde durante o governo de Jair Bolsonaro, onde permaneceu até abril de 2020. Em 2021, foi nomeada Conselheira Nacional de Promoção da Igualdade Racial no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sob a liderança da então ministra Damares Alves.
Carreira Política e Controvérsias
Silvia Waiãpi foi eleita deputada federal em 2022, obtendo 5.435 votos. Durante seu mandato, envolveu-se em diversas controvérsias, incluindo uma acusação de transfobia em abril de 2023, quando comparou a aceitação de sua etnia indígena com a aceitação de mulheres transexuais. Além disso, ela foi excluída da Frente Parlamentar dos Povos Indígenas por questões ideológicas em 2024.
Cassação do Mandato
Na noite de quarta-feira (19 de junho), o TRE-AP cassou o mandato de Silvia Waiãpi, acusando-a de desviar R$ 9.000 do Fundo Eleitoral para uma clínica odontológica onde teria feito uma harmonização facial. A denúncia foi feita pela ex-coordenadora de campanha de Silvia e corroborada pelo depoimento do cirurgião-dentista responsável pelo procedimento. As transferências ao dentista, realizadas em 29 de agosto, foram de R$ 2.000 e R$ 7.000.
Defesa de Silvia Waiãpi
Silvia Waiãpi afirmou que soube da cassação pela imprensa e negou ter usado verba pública para procedimentos estéticos. Ela declarou que o recibo apresentado pela ex-coordenadora de campanha é falso e que a Justiça Eleitoral já havia aprovado as contas de sua campanha.
Investigação e Impacto
Silvia também foi investigada pela Polícia Federal por supostamente incitar os atos extremistas de 8 de janeiro nas redes sociais, compartilhando imagens de invasões na Praça dos Três Poderes com mensagens de apoio aos atos. A cassação de seu mandato e as investigações em curso levantam questões sobre a integridade e a conduta dos representantes eleitos, reforçando a necessidade de transparência e responsabilidade no uso de recursos públicos.