Na quinta-feira, 19 de dezembro de 2024, o Banco Central (BC) do Brasil realizou uma intervenção significativa no mercado de câmbio para conter a disparada do dólar, que havia fechado a quarta-feira, 18, a R$ 6,26, o maior valor já registrado na história. Para combater a valorização da moeda americana, o BC injetou US$ 8 bilhões no mercado, a maior intervenção desde 1999, quando o Brasil adotou o câmbio flutuante.
A operação foi dividida em duas etapas. Na manhã de quinta-feira, o Banco Central vendeu US$ 3 bilhões, mas o efeito sobre a cotação foi limitado. Em seguida, o BC leiloou outros US$ 5 bilhões à vista, o maior montante já leiloado nos últimos 25 anos. Com essas ações, o dólar recuou e fechou o dia a R$ 6,12, aliviando a pressão sobre a moeda.
Reações de Campos Neto e Galípolo
A coletiva de imprensa do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, ao lado do atual presidente Roberto Campos Neto, também foi um fator que ajudou na queda do dólar. Campos Neto ressaltou que o Banco Central possui um volume substancial de reservas internacionais e que continuará atuando se necessário para manter a estabilidade do câmbio.
“Se o BC não atuar, pode haver uma disfuncionalidade de preços na cotação do dólar. Para isso que existem as reservas”, afirmou Campos Neto, destacando a necessidade de intervenção para garantir o equilíbrio econômico.
Resposta às Críticas de “Ataque Especulativo”
Galípolo aproveitou a oportunidade para refutar a narrativa de que a alta do dólar seria resultado de um ataque especulativo coordenado. Ele afirmou que, embora o mercado tenha flutuado, o aumento da moeda não pode ser atribuído a uma ação manipulada, mas sim a fatores econômicos internos. “A ideia de ataque especulativo não representa bem o que está acontecendo no mercado hoje”, disse Galípolo, enfatizando que essa interpretação é amplamente aceita em suas conversas com ministros e outras autoridades do governo.
Impacto da Medida e Expectativas
A intervenção do Banco Central visa não apenas evitar a continuação da alta do dólar, mas também dar uma mensagem ao mercado de que o governo tem capacidade e disposição para conter a volatilidade da moeda, protegendo a economia nacional de choques externos. A medida traz alívio temporário, mas o cenário continua sendo monitorado de perto por especialistas e investidores.
O impacto dessa ação será acompanhado nas próximas semanas, especialmente em um momento de instabilidade econômica, com o mercado esperando que a atuação do Banco Central seja suficiente para estabilizar a moeda e restaurar a confiança nos mercados financeiros.