Na última quarta-feira, dia 9, candidato à Presidência do Equador, Fernando Villavicencio, foi morto ao ser baleado enquanto deixava um comício político realizado no Anderson College, em Quito, capital do país. Assassinado a 11 dias das eleições presidenciais no Equador, marcadas para o dia 20 de agosto, o candidato Fernando Villavicencio aparecia entre 2º e 5º lugar nas pesquisas, a depender do instituto. A facção criminosa Los Lobos reivindicou o ataque que deixou nove pessoas feridas. Um suspeito foi morto e seis foram presos.
Os seis suspeitos de envolvimento no assassinato do candidato à Presidência do Equador, Fernando Villavicencio, são colombianos e pertencem a um grupo criminoso internacional, disseram autoridades equatorianas na quinta-feira, dia 10. A polícia e o Ministério do Interior do Equador não responderam aos pedidos de comentários sobre os detalhes do assassinato, mas o presidente Guillermo Lasso confirmou que a polícia detonou com segurança uma granada deixada pelos assassinos.
Ministro do Interior do país, Juan Ernesto Zapata Silva, confirmou detidos pertencem ao grupo criminoso internacional. Investigação vai tentar apontar causas. Zapata afirmou que dois dos suspeitos estão detidos e, agora, o governo tentará achar as causas do assassinato. Em entrevista a meios de comunicação equatorianos, o ministro não confirmou se os suspeitos pertenciam ao grupo criminoso Los Lobos. Na quinta (10) a facção, considerada a segunda maior do país, reivindicou a autoria do atentado.
As pesquisas
Além de Villavicencio, que era jornalista e ex-deputado, outros sete candidatos disputam o cargo. São eles: o líder indígena Yaku Pérez; o ex-deputado Daniel Noboa; a ex-deputada Luisa González; o economista Jan Topic; o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner; o advogado Bolívar Armijos; e o empresário Xavier Hervas. Todos os institutos de pesquisa são unânimes em apontar Luisa González em primeiro lugar. Ela é filiada ao Movimento Revolução Cidadã, partido do ex-presidente Rafael Correa. A depender do levantamento, a candidata aparece com entre 26,23% e 30,5% das intenções de voto.
Villavicencio aparecia em segundo lugar na pesquisa realizada pela Cedatos. No levantamento realizado em 20 de julho, ele tinha 13,2% das intenções de voto, atrás de González e à frente de Pérez (12,5%) e Sonnenholzner (7,5%). Já outros levantamentos colocavam o candidato com menos vantagem. Na pesquisa ClickReport do último final de semana ele aparecia na quinta colocação, com 7,52%. Na Telcodata, realizada entre 3 e 5 de agosto, Villavicencio tinha 6,8% das intenções de voto, em quarto lugar. No levantamento da empresa Numma, do fim de julho, o jornalista também aparecia em quarto, com 8,72%.
As regas constitucionais no Equador
A Constituição equatoriana determina que, para um candidato a presidente vencer no primeiro turno, ele deve ter metade mais um dos votos válidos, ou atingir 40% destes com uma diferença de 10 pontos percentuais com o segundo candidato. De acordo com o Código da Democracia, as pesquisas de intenção de voto podem ser divulgadas até dez dias antes da data da eleição, ou seja, até a data do dia 10 de agosto, um depois o assassinato de Villavicencio.
País de luto
Sendo um dos dois países que não faz fronteira com o Brasil (Chile é o outro), o Equador ficará de luto nestas eleições presidenciais do país. Candidato da centro-direita, Villavicencio era filiado ao partido Movimento Construye. Villavicencio se declarava defensor das causas sociais indígenas e dos trabalhadores. Ademais, denunciou casos de corrupção, como jornalista e político.
No jornalismo, ele investigou casos de corrupção, inclusive a venda de petróleo do Equador para a China e a Tailândia. Ele foi uma das vozes mais críticas contra a corrupção, especialmente durante o governo Correa, de 2007 a 2017. Foi condenado a 18 meses de prisão por difamação por declarações feitas contra o ex-presidente. Outrossim, como legislador, Villavicencio foi criticado por políticos da oposição por obstruir um processo de impeachment neste ano contra Lasso, que levou o presidente a convocar eleições antecipadas. Por conta do aumento da violência no Equador, autoridades eleitorais chegaram a recomendar que todos os candidatos utilizassem coletes à prova de balas. Recomendação ou aviso?
Por Harrison S. Silva, colunista do Portal Política