Um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS) para investigar os atos criminosos ocorridos em Brasília no dia 8 de janeiro ainda não foi instalado no Senado devido a impasses políticos e burocráticos. O requerimento pede a investigação de políticos e financiadores por trás dos atos de vandalismo nas sedes dos Três Poderes, bem como possíveis omissões por parte de administradores públicos no controle da segurança.
Embora a coleta de assinaturas dos senadores em apoio à iniciativa tenha acontecido antes da atual legislatura, iniciada em fevereiro, a senadora Soraya Thronicke afirma que não vai refazer o pedido de CPI nem ratificar as assinaturas, pois o sistema não oferece essa possibilidade de atualização ou confirmação. Ela contava com o aval de 41 senadores em exercício, com Flávio Arns (PSB-PR) sendo o único a retirar a assinatura até o momento.
Enquanto isso, o pedido está em uma espécie de limbo na burocracia do Senado, já que embora tenha 14 assinaturas a mais do que o mínimo necessário, o requerimento não é considerado pronto para ser tocado ainda. Nos bastidores, senadores que defendem a CPI de 8 de janeiro atribuem a demora de uma resolução à resistência de aliados do governo de Luiz Inácio Lula da Silva em tocar a comissão investigativa. Parte dos aliados considera que o desenrolar da CPI pode respingar negativamente em autoridades da atual gestão, tornando o impasse político.
Há senadores da base aliada de Lula que apoiam a CPI, mas alguns sinalizaram querer retirar a assinatura, como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Defensores da CPI sabem que, se tentarem ratificar as assinaturas, não contarão com o apoio de todos novamente. Além disso, o receio de senadores serem mal vistos pelos eleitores se desistirem logo da assinatura em prol da CPI é o que impede alguns de já darem para trás.
Enquanto isso, os senadores que continuam em defesa da CPI tentam convencer os governistas de que é melhor a instalação de uma comissão independente no Senado do que uma CPI mista sobre os atos. Os defensores da CPI apresentada por Soraya argumentam ainda que o governo teria mais controle sobre a narrativa da comissão do Senado, onde a gestão Lula tem uma base proporcionalmente maior e mais definida do que na Câmara, além de não dar palco para os principais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso.