De acordo com o artigo 142 da nossa Carta, o presidente é o chefe das Forças Armadas do Brasil, o que inclui o Exército.
O comandante do Exército do Brasil, general Tomás Ribeiro Paiva, teve um áudio vazado de reunião na qual falou sobre política a oficiais subordinados. Ele disse a subordinados que a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi indesejada pela maioria dos militares, mas, infelizmente ocorreu e precisa ser respeitada.
A fala do general ocorreu numa reunião com oficiais do Comando Militar do Sudeste, então liderado por ele, no dia 18 de janeiro. O tom, em geral, é pedir aos militares respeito ao resultado das urnas, apesar das suas opiniões sobre a vitória de Lula.
No início do encontro com os subordinados, o general pediu para que a reunião não fosse gravada, mas a fala dele foi registrada de forma escondida e divulgada nesta terça-feira, dia 28, pelo do jornalista Carlos Alberto Júnior. Veja ??:
“A gente [militares] participou da comissão de fiscalização [do Tribunal Superior Eleitoral]. Não aconteceu nada, não teve nada. Tanto que teve um relatório do Ministério da Defesa que foi emitido e que fala que não foi encontrado nada naquilo que foi visto”, argumentou o general, sobre as suspeitas de fraude eleitoral propagadas por Bolsonaro e aliados do ex-presidente. O comandante do Exército também afirmou que “não dá para falar com certeza que houve irregularidades. Agora, o processo possivelmente pode ter falhas que têm de ser apuradas, falhas graves, mas não dá para falar com certeza que houve irregularidades. Infelizmente, foi o resultado que a maioria de nós, para a maioria de nós, foi indesejado, mas aconteceu”, alegou Tomás Paiva.
No áudio vazado, o general Tomás Paiva fala sobre os pedidos por intervenção militar feitos nos acampamentos que se formaram em frente aos quartéis após a derrota de Bolsonaro para Lula. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi criticado pelo atual comandante do Exército, mas por ter interferido nas Forças Armadas em ocasiões como quando quis fazer uma motociata em área militar, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Sobre a vitória de Lula, o general acrescentou aos seus subordinados: “A diferença nunca foi tão pequena, mas o cara fala assim: ‘General, teve fraude’. Nós participamos de todo o processo de fiscalização, fizemos relatório, fizemos tudo. Constatou-se fraude? Não. Eu estou falando para vocês, pode acreditar. A gente constatou fraude? Não”, discursou ele.
Ele disse, ainda, aos auxiliares que as impressões dadas ali parte de alguém, que assim como eles, vive numa bolha militarizada, de direita e conservadora, mas que é preciso considerar que existia uma outra bolha, oposta a deles, que não era pequena. Ainda na reunião, o general que hoje comanda o Exército criticou a prisão de cerca de 1 500 pessoas após os atos golpistas do OITO DE JANEIRO. Segundo diz a auxiliares, nem todos os presos poderiam ser classificados como terroristas e, portanto, não mereciam o mesmo tratamento.
O Exército ainda não comentou o conteúdo da reunião realizada por Ribeiro Paiva. Lembrando que, na gravação, ele também listou uma série de interferências políticas de Jair Bolsonaro nas Forças Armadas.
Como assim ser liderado por um civil? E ainda de “esquerda”…
“Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”
Trecho retirado da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
O militarismo é uma instituição paralela organizada na base da disciplina e da hierarquia. Ele tem um código próprio, um legado único, uma história a ser preservada, e uma missão: defender a Pátria. Um militar deve ter consciência da sua função, pois pode se tornar um homicida em massa.
Aqui no Brasil, o militarismo foi abraçado pela direita (embora não tenha nada a ver com ela) para fazer oposição à onda comunista que assombrava o Brasil, que foi abraçada pela esquerda (embora não tenha nada a ver com ela). Entendeu? Não tem nada a ver com uma possível revolta de ser liderado por um civil, mas um civil que, digamos, tem ideologia diferente. Sim, nalguns países, o militarismo, que é paralelo, tomou partido ideológico: na Coreia do Norte, esquerda; no Brasil, direita. Portanto, até parece que o general Ribeiro Paiva, um homem conservador e patriota, aceitará ordens, como traz no caput do artigo 142 da nossa Lei Maior, dum esquerdista e que tem uma bandeira vermelha no seu partido. Meu nobre leitor, se você entendeu o comentário, vê-lo-á que usei a Ironia, mas com um pouco de Eufemismo e Metonímia; os nossos recursos linguísticos da Língua Portuguesa.
Até a próxima…
Por Harrison S. Silva, colunista do Portal Política