Congresso Nacional tem mais discursos pró-armas do que contra

A curva do gráfico sobe desde 2015, diz levantamento da pesquisa que foi elaborada pelo instituto Fogo Cruzado; veja.

Foto: Reprodução

Um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado apontou que discursos pró-armas no Congresso Nacional aumentaram nos últimos dez anos e, em 2023, foram três vezes maior do que as falas contra o armamento. A organização, dedicada a produzir indicadores sobre a violência armada no país, analisou discursos realizados nas tribunas da Câmara dos Deputados e do Senado entre 1951 e 2023 para produzir a pesquisa.

“Não entendemos, pois, sr. Presidente, a razão do armamentismo. Consideramos essa iniciativa altamente prejudicial a qualquer população. O armamentismo é, inegavelmente, um trabalho de profissionais de guerra, de proprietários de fábricas de armas e munições.” Afirmou o deputado federal Campos Vergal (PSP-SP) em 1951 (in memory).

O estudo aponta que houve um aumento dos discursos favoráveis à liberação das armas para toda a população a partir de 2015, primeiro ano de legislatura após as manifestações populares de 2013. Ocorreu na eleição de 2014 um processo mais intenso de renovação das elites políticas, com a ascensão de diversos novos deputados e senadores.

As discordâncias no Planalto

O ex-presidente Jair Bolsonaro, entre as primeiras medidas do seu governo, modificou as regras para facilitar que a população tivesse acesso a armas. A nova regra que simplificava o acesso a armas durou quatro anos e foi revogada nos primeiros dias do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, o estudo verificou que mesmo com a mudança nas regras em 2023, a forma como o Congresso pensa o tema não mudou e a proporção entre os discursos se manteve grande. Foram 75 discursos a favor da população armada contra 24 contrários.

As estatísticas

Os pesquisadores também apontam que o problema para a violência no Brasil não será resolvido com mais armas nas mãos de civis. No período de 2015 a 2023, foram realizados 272 discursos sobre o tema do armamento na Câmara e no Senado, sendo 198 pró-armamento (73%), 65 pró-controle de armas (24%) e nove neutros (3%). Foi a primeira vez que os discursos pró-armas superaram quem era contrário. 

  • Argumento da defesa do cidadão de bem (53% dos discursos pró-armas)
  • Melhoria da segurança pública (69% dos discursos pró-armas)
  • Impactos das armas em mortes de populações frágeis socialmente (53% dos discursos contra armas)
  • Medo da violência (93% discursos pró-armas)
  • O papel da política (discursos ideológicos) (30% discursos pró-armas)

Ademais, o levantamento aponta que os parlamentares utilizam de diversos discursos para sensibilizar quem ouve. Entre eles, estão: dados, estatísticas e pesquisas científicas; e eventos considerados exemplares ou dramáticos. Entretanto, dentre os 544 discursos realizados entre 2015 e 2023, apenas 30% utilizaram dados, estatística ou pesquisa científica para justificar os seus argumentos. E dentro desse grupo, 55% não mencionaram a fonte de onde os dados foram retirados.

 

Fonte: G1 (com adaptações)

você pode gostar também