O sucesso do filme brasileiro “Ainda Estou Aqui” fez com que muitas pessoas buscassem informações sobre o período da ditadura militar entre 1964 e 1985 e especificamente sobre o deputado Rubens Paiva (PTB-SP), morto pelo regime após ser levado de casa em 1971. A história da família de Paiva após o desaparecimento, principalmente da sua esposa, Eunice Paiva, é retratada no filme.

Em 2014, após a denúncia pela Comissão da Verdade de que a sua morte foi promovida pelo Estado brasileiro, a Câmara inaugurou um busto de Paiva, que está hoje num espaço entre as comissões da Casa e o Plenário. Após o filme, o interesse pelo homenageado aumentou e visitantes passaram a tirar selfies e até a levar flores ao local. Para o deputado licenciado Paulo Teixeira (PT-SP), atual ministro do Desenvolvimento Agrário e autor da homenagem em 2014, o busto serve como inspiração permanente.
“Esse busto foi inaugurado nesta Casa como uma lembrança de um lutador pela democracia e uma luz para todo momento em que o País estiver vivendo riscos autoritários.” Disse ele.
O escritor Jason Tércio, autor do livro Segredo de Estado: O Desaparecimento de Rubens Paiva, afirma que o deputado fez um trabalho rigoroso como relator de uma CPI que investigou o financiamento de entidades que atuavam contra os governos eleitos até 1964. Um dos pontos altos do livro são entrevistas com duas mulheres presas no mesmo local em que Rubens Paiva ficou.
O filme
“Ainda Estou Aqui” escreveu uma parte da história do cinema brasileiro neste domingo, dia 2, ao ser o primeiro filme nacional a vencer um Oscar na história da premiação. Inicialmente, havia quem torcesse o nariz ao falar da importância dum prêmio como esse para o Brasil. Argumentos como o Oscar não define a qualidade do nosso cinema ou não precisamos de validação de Hollywood eram comuns, mas a vitória do longa de Walter Salles provou que esse discurso era, em grande parte, puro cinismo.
O reconhecimento internacional de “Ainda Estou Aqui” não só trouxe mais visibilidade para o cinema brasileiro, mas também abriu portas para novas oportunidades, mostrando que o prêmio é, sim, um trampolim para que outros talentos como Fernanda Torres e Walter Salles ganhem espaço. Os frutos dessa visibilidade já estão sendo colhidos.
Nos bastidores do Poder
O Supremo Tribunal Federal (STF) vai analisar nos próximos dias se a Lei da Anistia se aplica aos crimes de sequestro e cárcere privado com grave violação dos direitos humanos cometidos durante a ditadura militar. Os casos julgados são exatamente de Rubens Paiva, do jornalista Mário Alves e do militante Helber Goulart, da Ação Libertadora Nacional.
A Lei da Anistia perdoou os crimes políticos cometidos entre 2 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979. Também a jornalista Juliana Dal Piva tem um livro recente sobre as investigações relacionadas ao deputado Rubens Paiva. O título é Crime Sem Castigo: Como os Militares Mataram Rubens Paiva.
Fonte: Agência Câmara e NSC Total (com adaptações)