Na contramão do homeschooling, especialistas defendem gestão e ensino integral contra evasão e perdas do ensino na pandemia.
De acordo com o professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Naércio Menezes Filho, a pandemia agravou ainda mais as desigualdades na rede de ensino, principalmente quando se analisa as condições sociais das famílias. Entre os alunos de famílias mais pobres, além de muitos não terem realizado nenhuma atividade presencial em 2020 e 2021, uma grande parcela ficou menos de duas horas por dia fazendo atividades a distância, seja por falta de estrutura em casa, seja por falta de acesso à internet ou mesmo desorganização da própria rede escolar. Para tanto, melhoria da gestão escolar, ensino em tempo integral e acesso a novas tecnologias e à internet foram defendidos por debatedores e senadores como algumas das estratégias a serem estabelecidas num plano nacional para reduzir a defasagem no aprendizado e a evasão escolar causadas pela pandemia de covid-19. Durante audiência pública promovida pela Subcomissão Temporária para o Acompanhamento da Educação na Pandemia, eles sugeriram medidas como aumento da duração das aulas e ampliação do tamanho das turmas para que as redes busquem recuperar os níveis de aprendizado e de frequência escolar de 2019, antes da crise sanitária. O senador FLÁVIO ARNS (PODE-PR) comandou a audiência remota da comissão temporária.
Senador FLÁVIO ARNS (PODE-PR)
Nesse sentido, o parlamentar do Paraná lembrou da importância de se alinhar todas as metas do plano nacional com o envolvimento de todos os atores. Ademais, defende uma articulação com a mobilização de todas as forças, do Congresso e da sociedade.
O que os especialistas dizem?
As conversas regulares entre professores, diretores e rede de apoio às escolas na realização de análises e diagnósticos, além da retomada da convivência e participação do aluno no ambiente escolar, foram citadas como estratégias de recuperação do aprendizado e de combate à evasão escolar pelo presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais da Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia. Ele informou que durante as sete rodadas de mapeamento realizadas pelo órgão sobre o reflexo da pandemia nas unidades escolares, 95% dos respondentes informaram que o ano letivo de 2021 foi concluído até dezembro de 2021. Garcia ressaltou, no entanto, que mesmo que praticamente todas as unidades tenham declarado o retorno das atividades presenciais, é preciso levar em consideração a especificidade de cada município e cada rede através dos diagnósticos promovidos pelo ambiente escolar. A audiência, que contou com a participação da sociedade por meio do Portal e-Cidadania, faz parte do ciclo de debates da comissão sobre a garantia de acesso à educação a todos os estudantes na faixa etária obrigatória e nas demais etapas de ensino. A subcomissão está construindo um documento como sugestão de plano nacional com ferramentas para superar os desafios da educação no pós-pandemia, priorizando programas de busca ativa para trazer os alunos de volta à escola e reduzir a evasão escolar.
Harry [@harry86_]