A tão aguardada reforma ministerial do governo Lula enfrenta um impasse devido à disputa de espaço entre PSD, União Brasil e PP, três dos principais aliados na base governista. A expectativa inicial era que a nova composição ministerial fosse anunciada no final de janeiro, mas as divergências internas e resistência de setores do “PT raiz” e do PCdoB têm atrasado o processo.
A Disputa por Pastas Estratégicas
Atualmente, o PSD ocupa três ministérios: Agricultura (Carlos Fávaro), Pesca (André de Paula) e Minas e Energia (Alexandre Silveira). Entretanto, o partido, liderado por Gilberto Kassab, busca maior protagonismo e a troca de pastas com mais capacidade de orçamento e influência. Um exemplo seria trocar o Ministério da Pesca pelo Turismo, atualmente sob o comando de Celso Sabino (União Brasil), que possui um orçamento três vezes maior.
Por outro lado, o União Brasil também exige mais espaço na Esplanada, comandando atualmente Turismo, Comunicações (Juscelino Filho) e a Integração Regional (indiretamente, via Waldez Góes, apadrinhado por Davi Alcolumbre). A legenda reivindica o Ministério de Ciência e Tecnologia, o que retiraria a única pasta do PCdoB no governo.
PP e a Agricultura no Radar
O PP, presidido por Arthur Lira, almeja a Agricultura, atualmente com o PSD. Também tem demonstrado interesse no Ministério da Saúde, mas a disputa por essa pasta tem perdido força nos bastidores. Outra vaga desejada é a Secretaria de Relações Institucionais, ocupada por Alexandre Padilha, que tem sido um elo central na articulação política de Lula.
Calendário e Estratégia de Lula
Fontes próximas ao Planalto indicam que Lula pretende finalizar as negociações ministeriais somente após as eleições das mesas diretoras da Câmara e do Senado, previstas para os dias 1º e 3 de fevereiro, respectivamente. Durante janeiro, o ministro Alexandre Padilha tem conduzido conversas com lideranças-chave, como Hugo Motta (Republicanos), próximo presidente da Câmara, João Campos (PSB), prefeito de Recife, e Ricardo Barros (PP), deputado federal licenciado.
Resistências e Impactos
A ampliação de espaço para PSD e União Brasil enfrenta resistência dentro do PT e do PCdoB, já que a redistribuição de pastas pode diminuir a influência desses partidos na Esplanada. A expectativa é que Lula encontre um equilíbrio entre as demandas dos aliados e a manutenção da coesão dentro da base governista.
O Desafio de Lula
A reforma ministerial será um teste de habilidade política para o presidente. Com aliados buscando ampliar seu poder e cargos estratégicos na Esplanada, Lula precisa mediar interesses divergentes, fortalecer sua base e evitar descontentamento interno que possa enfraquecer sua governabilidade em um ano marcado por desafios econômicos e sociais.