No contexto da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é descrita como uma das figuras-chave dentro do grupo radical que pressionava Jair Bolsonaro a dar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Cid, em seu depoimento, afirmou que Michelle estava intimamente envolvida na articulação para convencer o então presidente a tomar atitudes extremas contra a ordem constitucional.
O ex-ajudante de ordens detalhou que, ao lado de outros aliados como Onyx Lorenzoni, Eduardo Bolsonaro, e o general Mario Fernandes, Michelle teria participado ativamente das discussões para “persuadir” Bolsonaro, alimentando suas suspeitas sobre a legitimidade das eleições e instigando-o a agir de forma não democrática para garantir sua permanência no poder. Segundo Cid, o grupo acreditava que Bolsonaro tinha “o apoio do povo” e de determinados setores armados, como os CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores), para executar o golpe.
A estratégia de persuasão de Michelle
Michelle, como parte desse grupo, teria tentado convencer Bolsonaro de que a narrativa da fraude nas urnas, propagada durante a campanha e especialmente após sua derrota, poderia ser sustentada com apoio popular e de grupos armados. De acordo com Cid, a ex-primeira-dama não só compartilhava dessas convicções como também fazia parte das conversas estratégicas sobre como viabilizar a ação. A ideia era que, ao manter a postura de oposição ao sistema eleitoral e denunciar uma “fraude”, Bolsonaro poderia mobilizar forças militares e civis para contestar o resultado das eleições.
A reação de Michelle às acusações
Após a revelação da delação, Michelle Bolsonaro se manifestou publicamente, ironizando as acusações de Cid e mantendo sua agenda política, com foco nas eleições de 2026. Ela negou as alegações de envolvimento em qualquer plano de golpe, classificando as acusações como falsas e sem fundamento.
Essa negação é reforçada pela defesa, que, ao longo do tempo, procurou descredibilizar as informações reveladas em delações e investigações. No entanto, as acusações continuam a pesar sobre a ex-primeira-dama e podem impactar seu futuro político e a imagem da família Bolsonaro.
Apesar da tentativa de minimizar sua participação, as alegações de Mauro Cid levantam questões sobre o papel de Michelle Bolsonaro durante um dos períodos mais turbulentos da política brasileira, quando a integridade das eleições foi severamente questionada e esforços para minar a confiança nas instituições democráticas foram promovidos por diversos membros do governo.