A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) abriu as suas portas para receber uma exposição de cânhamo, uma cepa da Cannabis mais fibrosa, que não traz efeitos psicotrópicos. A mostra faz parte da mobilização em prol da regulamentação e incentivo à produção nacional da planta. A iniciativa é do Instituto InformaCann e conta com o apoio do deputado distrital Max Maciel (Psol).
O parlamentar destaca que o objetivo da exposição é principalmente revelar o potencial do cânhamo, desde fitoterápicos e suplementos alimentares até aplicações na construção civil, mostrando como essas oportunidades podem ser desenvolvidas sem depender do tetraidrocanabinol (THC). Para o parlamentar, não há por que restringir o cultivo de cânhamo no Brasil, porque essa cepa da Cannabis contém quantidade insignificante de THC.
“Queremos destacar o valor da pesquisa e da ciência para entender o uso medicinal e recreativo do THC, especialmente em relação a distúrbios como a esquizofrenia, apostando na redução de danos e na saúde mental”, detalha ele [Max].
Intitulada “Cânhamo: uma revolução agrícola não psicoativa”, a exposição reúne informações e produtos desenvolvidos tanto com a flor, como a fibra e a semente da planta. A exposição reúne produtos extraídos do caule do cânhamo, como por exemplo: madeira (hempwood), tijolo (hempcrete), bioplástico, papel e roupas. Da semente da planta, rica em proteínas e ômegas, a mostra traz alimentos – não psicoativos – e cosméticos feitos a partir do óleo obtido dos grãos da Cannabis.
Por que regulamentar?
A fundadora do Instituto, Manuela Borges, argumenta que a terceira maior nação agrícola do mundo não pode ficar refém da importação dum extrato vegetal, gerando riqueza e renda para outros países. A Cannabis medicinal movimentou 739 milhões em 2023.
“Ao mesmo tempo que a importação restringe e elitiza o acesso ao direito amplo e universal à saúde, o Brasil perde a oportunidade de gerar riqueza e renda para o país. Até quando vamos mandar dinheiro para fora do país.” Questiona Manuela Borges.
De acordo com o anuário da Kaya Mind de 2023, o comércio de produtos à base de Cannabis movimentou mais de 739 milhões de reais naquele ano, a maior parte desses recursos não ficou no país. Nos Estados Unidos, por exemplo, desde 2018 uma lei federal (Farm Bill) regula o cultivo do cânhamo no país com até 0,3% de THC por peso seco. Já no primeiro ano de regulação, mais de 36 mil hectares foram cultivados. Atualmente, o cânhamo é o 5º cultivo mais rentável do país.
Outras nações como a China, que possuem legislações proibicionistas contra a maconha, não criminalizam a planta capaz de produzir uma das fibras têxteis mais antigas e resistentes da humanidade, exatamente por gerar oportunidade econômica e sustentável. Registros históricos demonstram que os antepassados já utilizam o cânhamo há pelo menos 12 mil anos em cordas e tecelagem, como nas velas dos navios utilizados nas grandes navegações, para citar um exemplo mais recente.
A fibra da Cannabis, hoje, é utilizada em mais de 25 mil produtos industrializados, que vão desde a construção de casas, até a produção de bioplástico, papel, tecidos, painéis de carros, circuitos eletrônicos e outros componentes da indústria automobilística. Para além da fibra, as sementes da planta – que não contém canabinoides (CBD e THC, por exemplo) – são ricas em ômega 3, 6, aminoácidos e proteínas. Esse tipo de produto já é considerado um superalimento em diversos países e tem sido incorporado à alimentação humana em shakes, azeites, farinhas e bebidas, como o leite de cânhamo, para citar alguns exemplos.
O objetivo da mostra é sensibilizar os parlamentares e a sociedade sobre a importância de regulamentação do cultivo da Cannabis para fins medicinais e como uma alternativa biodegradável aos insumos poluentes como plástico, combustíveis,roupas sintéticas e concreto. Confira o serviço:
Quando: de 5 a 22 de agosto
Onde: Hall de entrada da Câmara Legislativa do Distrito Federal
Hora: aberta durante o horário de funcionamento da CLDF
Contato: 61. 98301-5554, falar com Manuela Borges
Fonte: Assessoria de Imprensa e CLDF (adaptado)