A Diplomacia brasileira adota uma posição de muita cautela frente às eleições na Venezuela, apesar da proximidade ideológica entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Nicolás Maduro. Consoante o Itamaraty, a prioridade atual é garantir a divulgação das atas e a manutenção dum canal com o regime chavista. Ademais, o Brasil também tem interesses em comum com o país vizinho, como a compra de energia e a expansão do comércio que poderia sofrer consequências num eventual corte de relações diplomáticas.
Para entender a Geopolítica
Do ponto de vista geopolítico, a Venezuela é um país sensível para todo o continente, mas especialmente para o Brasil, com quem tem 2,2 mil quilômetros de fronteira. Sob cerco com as sanções dos Estados Unidos da América (EUA) o regime de Nicolás Maduro se aproximou ao longo dos anos da China e da Rússia, que forneceram apoio essencial para mantê-lo no poder e ter um aliado estratégico na América do Sul.
O Brasil também tem interesses em comum com o país vizinho, como a compra de energia e a expansão do comércio que poderiam sofrer consequências num eventual corte de relações por causa do resultado das eleições. Já a China, por sua vez, tem uma relação econômica mais próxima ainda: estima-se que os investimentos na Venezuela somam US$ 60 bilhões, espalhados em diferentes projetos. O valor é metade do total investido pelos chineses na América do Sul e no Caribe.
Todos esses fatores ajudam a explicar a cautela do Itamaraty ao tratar do tema. A pasta cobra a divulgação das atas eleitorais, mas sem acusar a possibilidade de fraude na reeleição de Maduro. A posição destoa da adotada por outros países, como Chile e Argentina. Porém, possibilita que o Brasil tenha um canal de diálogo tanto com o ditador quanto com a oposição. Há expectativa de que o presidente Lula converse com Maduro por telefone, mas acompanhado dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro, e do México, Andrés Manuel López Obrador.
Fonte: Correio Braziliense (com adaptações)