Defesa de Braga Netto contesta vídeo usado por Moraes em julgamento do STF

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Os advogados do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, entraram com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para contestar o uso de vídeos apresentado pelo ministro Alexandre de Moraes durante o julgamento que tornou Braga Netto e outras sete figuras, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réus por tentativa de golpe de Estado.

Defesa aponta extrapolação no uso das imagens

Segundo os advogados do general, o material audiovisual exibido por Moraes na sessão de março inclui trechos de protestos realizados nos dias 12 e 24 de dezembro de 2022 — eventos que, segundo a defesa, não integram a acusação formal contra Braga Netto no caso dos atos golpistas de 8 de janeiro.

“A edição apresentada em Plenário também constam vídeos referentes a episódios ocorridos nos dias 12 e 24 de dezembro de 2022, que extrapolam os limites da narrativa acusatória”, diz trecho do recurso.

A defesa argumenta que, ao exibir imagens desses eventos fora do escopo da denúncia, o julgamento pode ter sido influenciado de maneira indevida, prejudicando a imparcialidade do processo.

Moraes justificou exibição como “lembrança da gravidade”

Durante o julgamento, o ministro relator Alexandre de Moraes justificou a apresentação dos vídeos como uma forma de reforçar a gravidade dos atos antidemocráticos.

“Tivemos uma tentativa de golpe de Estado violentíssima, com fogo, destruição de patrimônio público e apelo por intervenção militar”, afirmou Moraes à época.

Para ele, o conteúdo comprova a atuação coordenada de grupos para romper a ordem democrática. Moraes ainda afirmou ser “absurdo” negar a existência de violência nos eventos de janeiro de 2023.

Acesso às provas também é questionado

O recurso também voltou a apontar falhas no acesso da defesa aos autos e provas do processo. Os advogados alegam que não conseguiram obter integralmente os elementos utilizados pela acusação e pedem mais transparência no trâmite da ação penal.

Braga Netto entre os oito denunciados

O general Braga Netto foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como integrante do “núcleo central” da tentativa de ruptura institucional, junto a nomes como Jair Bolsonaro, Anderson Torres, Mauro Cid, Augusto Heleno e outros aliados do ex-presidente. Eles respondem pelos crimes de:

  • Tentativa de golpe de Estado
  • Ato de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Associação criminosa
  • Dano qualificado ao patrimônio da União
  • Deterioração de patrimônio tombado

Julgamento segue em curso

Com a maioria formada na 1ª Turma do STF, os acusados já são réus e agora enfrentam a fase de instrução do processo penal, com apresentação de provas e depoimentos. A estratégia da defesa de Braga Netto agora foca em tentar anular partes do processo ou, ao menos, restringir o escopo das provas aceitas.

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