Centrão vê chance de salvação de Glauber e elenca erros para cassação

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Apesar da aprovação do parecer favorável à cassação do deputado Glauber Braga (PSol-RJ) pelo Conselho de Ética da Câmara, integrantes do Centrão ainda demonstram resistência em seguir adiante com a punição. Lideranças desse bloco político reconhecem uma série de “erros” cometidos pelo parlamentar, mas indicam que estão dispostas a recuar da ofensiva, caso ele apresente um gesto de conciliação ao Congresso.

A cassação do mandato só será efetivada após votação no plenário da Câmara dos Deputados. No entanto, de acordo com líderes do Centrão, não há clima entre os parlamentares para aprovar a perda do mandato. Eles argumentam que medidas punitivas contra colegas costumam ser evitadas, por receio de abrir precedentes que possam atingir outros parlamentares no futuro.

Entre os fatores que pesaram contra Glauber, estão suas sucessivas desavenças com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e com outros membros da Casa. Ainda assim, os caciques afirmam que essas disputas isoladas não seriam suficientes para justificar a cassação. O que contribuiu de forma decisiva foi o isolamento político de Glauber e suas acusações generalizadas, muitas vezes sem provas, inclusive contra o relator do processo, deputado Paulo Magalhães (União-BA), a quem acusou de “vender o parecer” — o que aumentou a pressão por punição.

Segundo esses líderes, declarações inflamadas sobre o Orçamento Secreto também causaram desconforto. Agora, a ala majoritária da Casa exige um sinal claro de recuo, que pode ir desde um pedido público de desculpas até gestos reservados de apaziguamento.

Parte da denúncia que levou Glauber ao Conselho de Ética foi motivada por um embate físico com o deputado Kim Kataguiri (União-SP), e o episódio é visto como mais um agravante no processo.

O deputado do PSol está desde quarta-feira (9/4) em greve de fome dentro da sede da Câmara. Ele permanece na sala do colegiado, acompanhado por assessores e militantes, e tem recebido visitas ocasionais de colegas de bancada. Agentes da Polícia Legislativa monitoram o local e permitem o acesso da imprensa a cada hora para registros de imagem. Alguns parlamentares de partidos de esquerda prometeram visitá-lo ao longo do final de semana.

Processo de cassação

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovou a cassação de Glauber Braga por 13 votos a 5. Segundo o relatório, o parlamentar teria violado o decoro ao agredir com chutes o militante do Movimento Brasil Livre (MBL), Gabriel Costenaro, nas dependências da Câmara, em abril de 2024.

A sessão foi marcada por intensos embates verbais, com deputados do PSol alegando que há um acordo velado para cassar o parlamentar. Também houve tumulto em razão da presença de apoiadores no colegiado, o que acirrou ainda mais os ânimos durante a votação.

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