O presidente Lula está em encontros bilaterais durante evento no Japão, incluindo com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está no Japão para participar da cúpula anual do G7. O chefe do Executivo federal marca presença nos debates gerais e em ao menos sete encontros reservados com outros líderes. Esta é a sétima vez que Lula participa como convidado duma cúpula do G7, o último convite que o Brasil recebeu para o evento, aliás, foi há 14 anos, quando o próprio era presidente. Sim, o Brasil não era convidado para o evento desde 2009.
O grupo, criado em 1975, reúne os países mais ricos e industrializados do mundo, e como nunca foi reformado, não inclui, por exemplo, a China, que é a segunda maior economia do Globo e caminha para ultrapassar os Estados Unidos, que hoje ocupa o primeiro lugar. Os países que compõem o G7 são o Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos. A Rússia, que historicamente participava da cúpula, foi excluída, e tal medida é uma espécie de punição por causa do seu expansionismo bélico.
NO JAPÃO
O Japão está 12 horas à frente do horário de Brasília, e na manhã de ontem, dia 19, Lula fez a sua primeira reunião bilateral em Hiroshima, onde está sendo realizada a cúpula deste ano. Foi um encontro com o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, às 17h no país asiático e às 5h em Brasília.
O petista teve reuniões reservadas ainda com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida; com o presidente da Indonésia, Joko Widodo; com o presidente da França, Emmanuel Macron; com o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz; com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh; e com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
UCRÂNIA
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, compareceu à reunião de cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão. É uma parada importante na turnê internacional do mandatário, que busca apoio de outros países na resposta à invasão russa.
A RETOMADA, O BRASIL
O líder brasileiro tem como grande trunfo a agenda das mudanças climáticas, com promessas e pedidos de recursos para preservar a Floresta Amazônica. Lula também insistiu em buscar apoio internacional com o objetivo de interromper a Guerra da Ucrânia, que já dura mais de um ano. A ideia é que o texto em negociação com o G7 e convidados trate da importância de garantir segurança alimentar, principalmente entre as nações mais pobres do mundo, e que apenas cite a guerra entre russos e ucranianos, sem um ataque frontal a Moscou.
Lula tem conversado com outros chefes de Estado numa tentativa de estabelecer o que já chamou de meio-termo, no qual a Ucrânia faça algumas concessões a fim de que haja paz. De acordo com o petista, a estratégia de apenas condenar a invasão russa e exigir que os soldados de Vladimir Putin se retirem do território ucraniano não está funcionando, e a guerra segue se prolongando.
Abrindo a cancela
A reunião de cúpula do G7, grupo que reúne as principais economias do mundo, é uma espécie de clube dos países ricos formado com o intuito de discutir questões geopolíticas. Com representantes em todos os continentes, exceto da África, tal grupo, reunido em Hiroshima, terá um peso geopolítico bem complexo para os seus países-membros. Ora, com uma guerra no coração da Europa e a expansão da influência da China pelo mundo, os líderes mundiais reunidos nas ilhas nipônicas terão o desafio de dar resposta a uma série de questões que só parecem crescer.
Mas afinal, o que o Brasil fará por lá? Ao contrário da visita à China, outrora no mês passado, quando estavam ao seu lado vários ministros e mais de 200 empresários brasileiros, Lula viajou ao Japão acompanhado dum pequeno grupo de pessoas na última quarta-feira, dia 17. Dessarte, portanto, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, reuniu-se na madrugada de ontem (à tarde por lá) com o ministro de Relações Exteriores do Japão, Yoshimasa Hayashi, para preparar o terreno para que o presidente tenha uma boa conversa com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida. Bom, o chanceler do Brasil fez um bom trabalho, pois abriu a cancela para que o nosso líder republicano entre nesse jogo.
Harrison S. Silva, colunista do Portal Política